Uma em cada quatro mulheres alcança cargos de liderança em corporações e na universidade

Na próxima quarta-feira, 31 de maio, das 14h30 às 16 horas, o Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP promove o encontro A Inserção das Mulheres na Diplomacia e na Academia. Para participar, é necessário se inscrever pelo formulário. O evento conta com a coordenação de Janina Onuki, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados (IEA) e professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, e da antropóloga Nadège Mézié, representante do Consulado Geral da França em São Paulo. 

Entre as participantes, estarão a embaixadora da França no Brasil, Brigitte Collet, e a professora de Direito Comercial da Faculdade de Direito (FD) da USP, Sheila Neder, discutindo a participação feminina na diplomacia e na academia e refletindo sobre seu significado, as trajetórias e os desafios enfrentados por mulheres que ocupam posições de liderança.

Ao Jornal da USP, Janina comenta as dificuldades de mulheres para alcançar altos cargos e constituir carreira. “As instituições se preocupam com o tema de uma forma ainda muito incipiente. Nós observamos mulheres participando na diplomacia e na academia, mas com muitas dificuldades de ascensão na carreira”, lamenta Janina.

Instituições pouco inclusivas

Segundo o estudo Women in the Workplace 2022 da McKinsey & Company, cargos de executivos como CEO, CFO e CTO permanecem predominantemente masculinos e brancos. Apenas um em cada quatro líderes era mulher, sendo uma em cada 20 uma mulher negra. Entre as dificuldades que impedem o crescimento profissional, está a escassez de representatividade feminina na liderança, a sobrecarga de trabalho somada à falta de reconhecimento e o preconceito latente que faz com que elas recebam menos suporte nas atividades.

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O ambiente acadêmico não se distancia do profissional. As mulheres que se dispõem a produzir pesquisa encontram mais resistência nas academias. Em um levantamento feito pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre 2010 e 2021, das bolsas de produtividade oferecidas, apenas 35,3% eram para mulheres, com uma diferença ainda mais acentuada em cursos de Ciências Exatas e da Terra e Engenharia. 

Outro dado obtido é de que as mulheres que ingressam no doutorado enfrentam mais dificuldades do que pesquisadores homens para concluir o curso. Elas levam, em média, 4,3 anos para obter o título, enquanto eles conseguem em 3,8 anos. Entre os motivos, estão a dupla jornada de trabalho e a maternidade, tema que ainda é mal compreendido por “atrapalhar” a produtividade da pesquisadora.