Superintendente de Gestão Ambiental destaca na ONU a importância de ações afirmativas para mulheres
Até dia 22 de março, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, empresários de todo o mundo, líderes de governo, da sociedade civil, da academia e das Nações Unidas se reúnem na 68ª reunião da Comissão sobre a Situação da Mulher, instância da ONU para discutir a situação dos direitos das mulheres e o empoderamento feminino em todo o mundo.
A USP está representada no evento pela superintendente de Gestão Ambiental, Patrícia Iglecias, que participou dos debates no dia 14/3, a convite do Pacto Global da ONU, Rede Brasil, iniciativa que visa engajar empresas e organizações na adoção de dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção.
Para a superintendente, há uma conexão muito forte entre as questões ambientais e os direitos das mulheres, especialmente em relação à vulnerabilidade dessas mulheres e meninas em eventos extremos e desastres ambientais. “Dados mostram que mulheres e meninas são as principais vítimas de eventos extremos. Isso aconteceu, por exemplo, nos tsunamis da Ásia em 2004. Daí a importância de a ONU trazer dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a necessidade de atuação para empoderar mulheres e meninas. Não há agenda ambiental sem um olhar social e de gênero.”
Neste ano, segundo Patrícia, o assunto principal do encontro é a aceleração da conquista da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, combatendo a pobreza e fortalecendo as instituições e o financiamento com uma perspectiva de gênero. Assim, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil traz temas como: aumento significativo da população que viveu com menos de US$ 3,65 por dia em 2023, a escalada da pobreza em países economicamente desfavorecidos e a tendência de piora desse cenário até 2050.
Desafios brasileiros
No Brasil, segundo dados do IBGE, as taxas de pobreza caíram de 36,7% para 31,6% em 2022. Porém, considerando os dados da população negra, 40% eram pobres em 2022, o dobro da taxa da população branca (21%). O arranjo domiciliar formado por mulheres pretas ou pardas, sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos concentrava a maior incidência de pobreza: 72,2% dos moradores desses arranjos eram pobres. “Cada país tem seus desafios e, no nosso caso, temos muitas mulheres chefes de famílias monoparentais que enfrentam dificuldades econômicas para manter a família. A pobreza ainda aflige mais famílias comandadas por mulheres pretas. Por isso, ainda precisamos de ações afirmativas e políticas públicas com esse olhar. Esperamos que as discussões em Nova York sejam proveitosas para buscarmos alternativas com esse foco.”
Em eventos paralelos, os participantes do Pacto Global da ONU oferecerão sugestões de melhores práticas, representando todas as regiões do mundo. Com mais de 20 mil membros em 164 países, o Pacto Global da ONU foi idealizado em 2000. O Pacto Global da ONU – Rede Brasil foi criado em 2003, e hoje é a segunda maior rede local do mundo, com mais de 1,9 mil participantes.